Relato sobre uma nova fase

11/12/2017

Era início de outubro e eu estava exausta com minha rotina de mãe universitária, porque faço faculdade à noite e quando voltava pra casa meu bebê estava ansiando mais do que minha companhia (rs): seu mamazinho. 

Antes de voltar às aulas no início do ano, eu amamentava em livre demanda ~real oficial~ (porque tava sempre com o nenê), sem nunca ter dado outro leite para meu filho, de maneira que o primeiro semestre de 2017 foi quando ele aprendeu a ter que esperar um tempinho para o mamá chegar (isto é, aguentar no osso, no papá, nos sucos, nos chás e nas desenvolturas da vovó, até eu voltar da aula). 
E isso tudo foi funcionando bem...  

Até o segundo semestre do ano, até outubro.

Já fazia 1 ano e 4 meses que eu não dormia uma noite inteira e depois de tentar vários métodos para desassociar a amamentação do sono, não obtive sucesso, só mais cansaço... Então comecei a notar que amamentar já estava se tornando uma obrigação, "um fardo", pois às vezes eu chegava da aula exausta e antes de fazer qualquer outra coisa básica (como jantar, tomar banho, trocar de roupa...) eu precisava ir direto dar mamá. Além de que tinha de cuidar pra não ficar muito tempo longe do filho em caso dele pedir o leite. Aí, mesmo ainda relutando um pouco quanto a essa ideia, comecei a pensar e me informar sobre o desmame

Perguntei no posto de saúde, na última consulta do Theo, sobre como funcionaria esse processo, e as enfermeiras disseram que dentro de 2 ou 3 dias negando o peito, sem ceder, "o bebê automaticamente esquece e para de pedir". Questionei se teria que dar outro leite depois de desmamar e elas falaram que não tinha necessidade. Enquanto elas falavam eu ria mentalmente de nervosa, pensando: JURA. Meu filho saiu da barriga depois de hooooooras de trabalho de parto e imediatamente pegou o peito e desde aí desenvolveu o seu maior amor na vida... NUNCA que ele ia apenas "esquecer", sem nem um substituto pra dar uma aliviada, sendo que pra começo de conversa ele sequer queria largar o tetê.

Então conversei com a família sobre dar fórmula para o Theo - que conhecendo "o baby mamão" concordou comigo - e me informei na farmácia que costumo ir sempre qual seria a mais indicada para a idade/situação dele. Problema resolvido, logo comecei a introduzir a mamadeira aos poucos, conforme ia reduzindo as mamadas diárias no peito. Me surpreendi como o Theo gostou do "mamá novo" e, mesmo com um pouco de ciúmes, fiquei feliz achando que seria mais fácil ele esquecer o peito com esse auxílio... Iludida, a coitada. 

Os dias foram passando e o guri não só amava o novo mamá, como seguia amando o antigo, querendo um pouco de cada, mas recusando firmemente a mamadeira quando sua vontade real era do peito. E, pra acabar com minha ilusão de que "a fórmula enche mais, então ele vai dormir mais", o nenê seguia acordando durante a noite, sendo que já estava numa idade mais do que apta pra dormir direto até a manhã do dia seguinte. Como eu já havia previsto, seu mal nunca foi fome, mas paixão descontrolada pelo mamazito. 

Então chegou um dia em que eu simplesmente estava no auge da minha exaustão, resfriada cuidando de um nenê também resfriado, como em tantas outras situações, mas, infelizmente, não mais disposta como antes. Cansada de acordar várias vezes de noite - mesmo já tendo posto ele pra dormir comigo, porque notei que dormia melhor na cama do que no berço. Cansada de usar o mamá como forma de curar qualquer problema do Theo, automaticamente, sendo que às vezes nem era disso que ele tava precisando de verdade. Cansada de, por vezes, me sentir só uma fonte de alimento em vez de mãe... Enfim, cansada.

Desde que comprei a fórmula, eu já estava preparando meu filho psicologicamente pro desmame, explicando - pra nós dois, aliás - que não perderíamos nossa ligação, que a mamãe continuava amando ele, que essa seria apenas uma fase nova, mas que íamos conseguir lidar e, sendo assim, no dia 19/10 decidi: 

vou desmamar HOJE. 

Aproveitei que se tratava de um dia que teria de passar bastante tempo fora de casa em função da faculdade, para que ele fosse se acostumando com a ausência do mamá e no tempo em que estive com ele fui negando e dando a mamadeira no lugar. Durante o dia era tranquilo, até porque na soneca da tarde o Theo já não dependia mais do mamá há um tempo, porque comecei a dar banho quando via que ele estava ficando com sono e funcionou tão bem que dormia - e ainda dorme - enquanto toma banho, no meu colo. 

O problema maior sempre foi o sono longo, o da noite... Aí não teve jeito: ele chorou, eu chorei mais ainda, meus peitos cheios de leite doíam cada vez mais, mas segui firme na minha decisão, mesmo com todo o sofrimento, pois já tinha pensado, estudado, orado, debatido muito sobre isso e não via motivo para continuar adiando o processo. 

"-Só mais dois dias negando e ele vai deixar pra lá" eu repetia, tentando crer na informação dada pelas enfermeiras. Mas no dia seguinte quem não aguentou fui eu... Era dor demais, nos peitos externos e interno (hehe) e, portanto, decidi ceder. Ele mamou aliviado, eu fiquei aliviada também. Mas temia que isso fizesse todo meu esforço retroceder... E quase fez

Até que lembrei de uma bombinha de tirar leite que comprei antes de voltar à faculdade, a qual nunca tinha funcionado, e em vez de chegar ao ponto de ceder outra vez, com medo do leite empedrar, comecei a tentar usá-la e, OBRIGADA JESUS, foi o que me salvou - porque como era força de leite pra tirar, diferentemente das vezes em que tentei antes, deu certo. 

E assim foi. 

Entre lágrimas, questionamentos se eu estava agindo corretamente e fazendo o melhor para nós, uma decisão firme em meio a indecisões e opiniões alheias... desmamei. 

Uma semana depois me dei conta: finalmente estávamos dormindo uma noite inteira. Após a mamadeira da noite o Theo simplesmente apagava, tal como era com o peito... E agora eu recorria a outras formas para acalmá-lo quando chorava. 

Comecei a ver que talvez estivéssemos mais próximos do que quando amamentava, porque precisei desenvolver outro tipo de relação com meu filho, mais difícil de construir: agora ele me abraça forte sem segundas intenções; ele segue dormindo comigo, mas muito bem, sem a influência do "cheirinho de leite" para atrapalhar; temos que achar outras atividades para preencher nosso tempo juntos, já que as mamadas na mamadeira duram bem menos tempo... e assim por diante.

Isso faz mais de mês e ele já dormiu mais de 10h seguidas em alguns dias (antes, às vezes não passava de 4h!!!). Eu sinto falta de amamentar, do contato especial, da praticidade, da economia, de saber com toda certeza que meu filho está comendo o melhor dos alimentos, de não me preocupar tanto com engordar comendo besteira (hahah)... Mas definitivamente me sinto uma mãe muito mais disposta agora do que antes. 

E aquele medo bobo de que algo entre nós mudasse se realizou de certa forma, só que de maneira positiva: depois de passarmos pela luta do desmame juntos, nosso carinho um pelo outro só aumentou!

Mas, vejam bem: talvez se minha situação fosse outra, eu ainda amamentaria no mínimo até os 2 anos como aconselha o Ministério da Saúde ou até quando o Theo quisesse, para não sentir a necessidade de adicionar fórmulas à sua alimentação (inclusive, permaneço não sendo muita fã delas e assim que notar que meu filho está preparado vou partir para o Desmame Parte 2)

Porém, é preciso que cada mamãe avalie suas condições, pois quanto se trata de amamentar o nosso emocional influencia muito: o leite que provemos ao nosso filho precisa ser dado com amor, atenção, cuidado, carinho; se a gente não estiver bem, vamos passar esse mal estar pra eles e isso com certeza é muito pior do que abrir mão de algo que ambos gostam, pensando no melhor a longo prazo para todos. 

No mais, segue um conselho para as mamães que recém começaram a amamentar, as que já estão cansadas de fazer isso, as que ainda estão gestando um bebê e confusas com tanta informação que estão lendo por aí, as que ainda não dormem a noite toda em vista da amamentação (ou por outras questões), as que ouvem muito pitaco independentemente da decisão que tomem em relação ao filho... enfim, às mamães em geral: a intuição de mãe é definitivamente o melhor manual.

Dito isso, adiciono um alento: vai passar

Sei que soa clichê, mas sério: vai passar. Não importa o quanto você ache que está sendo difícil a fase que está agora: vai passar. Eu precisei buscar na memória (e no histórico do WhatsApp com meu namorado/pai do Theo) informações mais precisas sobre a barra que foi o desmame pra me lembrar do sofrimento e escrever o post direitinho, porque quando vi... passou

Porque essa coisa de maternidade é assim: por mais que às vezes pareça passar devagar, lentamente, quase parando, na verdade passa MUITO, mas MUITO rápido. 

Então procure tirar o que há de bom em cada etapa da vida do seu nenê, pensando sempre no melhor pra ele, mas sem esquecer o melhor pra você também, viu? Pois somos donas de fazer isso, sendo que na realidade é preciso nos cuidarmos tanto quanto deles, pois mamãe saudável e feliz, cria filhos saudáveis e felizes também :')

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